Dez minutos depois, receituário nas mãos, você vai a uma farmácia. Lá, identifica que o médico prescreveu, por exemplo, duas drágeas por dia ao longo de uma semana, totalizando 14 comprimidos. Porém, o medicamento é vendido em embalagem com dez unidades, o que lhe obriga a adquirir duas caixas, sabendo que sobrará medicamento – o qual será utilizado, no futuro, para alimentar o hábito da automedicação. Pergunto-me: onde está o erro por trás disso? Na prescrição do especialista, equivocada, ou na opção do laboratório que propositadamente comercializa o produto em quantidade incompatível com a posologia recomendada, tendo a anuência da Anvisa? Não deveria haver uma sintonia entre os mesmos?
Por fim, ainda há a questão financeira envolvida em todo este processo. Do estacionamento a preço de “balada” cobrado na porta do pronto-socorro, passando pelo custo aviltante dos medicamentos, em especial se você optar pela aquisição de um “referência” em lugar de “genérico”, a saúde não é definitivamente um bem público ao alcance da população.
Após quinze dias brigando contra uma tosse crônica, tendo passado por quatro médicos sem obter um diagnóstico aceitável e deixando um valor considerável no balcão das farmácias, questiono-me sobre a qualidade dos profissionais formados nos dias atuais e sobre como o cidadão sem acesso a um convênio médico privado e dependente do serviço público enfrenta uma enfermidade. A conclusão é una: simplesmente, não há o direito de se ficar doente…
Data de publicação: 04/07/2014