Competição x Cooperação

Desde pequenas, muitas pessoas têm sido treinadas para competir. Na infância, precisam ser gordinhas ou as mais coradas. Na adolescência, ter a maior beleza, conseguir as melhores notas. Na faculdade, pertencer ao time dos intelectuais. Quando chega a hora de encarar a vida profissional, o senso de competição já faz parte de suas vidas. Fica claro que o ser humano é competitivo por natureza. Mas o problema é que cada vez mais se fala na importância de desenvolver a cooperação e de que ter espírito de equipe é superior a ter espírito competitivo. Então, o que fazer?

O lado negativo da competição
O especialista em Psicologia Organizacional, Francisco Arean, afirma que a competitividade no
trabalho nem sempre é aconselhável. “Infelizmente, eu já conheci alguns vendedores que relataram preferir perder seus clientes para a concorrência a perder para seus colegas de trabalho”, conta.
Nesse caso, o grande responsável pode ser o gerente de vendas, que, muitas vezes, estimula a
competição entre a equipe. Um exemplo claro ocorre quando o gerente diz que determinado
vendedor é melhor do que os outros e acaba humilhando os demais vendedores que não alcançaram resultados tão bons. O gerente-comercial da empresa Itá Jóias, Michael Alves dos Santos, acredita que competir não é aconselhável quando não se pensa em melhorias para todo o grupo. “A competição não é saudável quando não proporciona oportunidades de crescimento para toda a equipe.”

O lado positivo da competição
Existem benefícios na competição profissional? “A competição é saudável quando gera estímulos na equipe”, afirma Francisco Arean. Isso ocorre, por exemplo, quando um vendedor vê seu colega atingindo metas e sente-se motivado para alcançar os seus próprios objetivos.
Aqueles que se destacam devem ajudar os vendedores com dificuldades. Uma das maneiras de
incentivar esse apoio entre colegas é criar um mecanismo de remuneração por premiação em
dinheiro. Por exemplo: quando o vendedor bate suas metas individuais recebe 70% do prêmio, mas só alcançará os outros 30% quando ajudar outro vendedor a completar sua cota. Michael ressalta que ao competir deve-se pensar no individual, mas no grupo também. “A competição é positiva quando o vendedor trabalha focado em suas metas sem perder de vista os objetivos da equipe.”

Não subestime seus colegas
Não dar o devido valor aos profissionais que trabalham com você é sinal de arrogância. “O vendedor arrogante cria inimigos, se enxerga como superior, gera um comportamento agressivo e defensivo por parte dos seus colegas e é um agente desagregador de equipes”, explica Francisco Arean. Ninguém gosta de pessoas que se acham as melhores. Para as atuais empresas o importante é que a equipe vá bem. O vendedor capaz de obter resultados individuais e coletivos é encarado como um profissional adequado e necessário. O vendedor arrogante, com bons resultados ou não, está fadado a ficar desempregado.

Modéstia é uma virtude
Pessoas humildes atuam bem em equipe. Para Francisco Arean, um vendedor humilde conhece a si mesmo, respeita as outras pessoas e acaba sendo um espelho para a equipe. “Dessa forma, consegue conquistar a confiança das pessoas. Mas ser humilde não significa ser subserviente. Quando alguém é subserviente tem baixa auto-estima e se encurva para tudo.” O vendedor humilde conhece o seu valor e sua competência, mas também tem consciência de suas deficiências.

O especialista Francisco Arean sugere dez dicas para obter um bom relacionamento em equipe.
Confira quais são:

1. Tenha uma visão coletiva, acredite na importância do trabalho em equipe.
2. Saiba ouvir as pessoas, conhecendo suas necessidades, se comunicando, respeitando e tendo
empatia com o grupo.
3. Tenha compromisso com a sua empresa e com a equipe.
4. Controle ações agressivas, evitando indelicadezas ou ironias. Cuide com a forma com que fala
para evitar mal-entendidos.
5. Procure conhecer melhor as pessoas com as quais trabalha, com o objetivo de compreendê-las.
6. Adapte-se à personalidade de seus colegas.
7. Caso tenha antipatia por alguém, procure saber quais são as causas e como pode resolvê-las.
8. Seja uma pessoa positiva.
9. Busque desenvolver sua humildade.
10. Lembre-se de que, em qualquer situação, sempre existem todos os lados: o seu, o da outra pessoa e o lado de quem está certo

Francisco Arean estará conosco no dia 13/07/16 com a Palestra: “Consultoria Interna de RH: relatos, reflexões e desafios” – Saiba mais.

Fonte: http://www.athosconsulting.com.br/competicao-x-cooperacao/

Agora podemos começar o ano?

Por Sidnei Batista*

Desde sempre ouvi a expressão “o ano só começa no Brasil depois do Carnaval”. Por mais que eu goste da festa, seja para viajar, ficar em casa descansando e curtindo São Paulo mais tranquila (o que é ótimo para ir ao cinema, pedalar nos parques e encontrar os amigos que também não viajam) ou mesmo aproveitar o carnaval de rua com suas bandas e desfiles, preciso confessar que a ideia de um período tão longo de espera entre as festas natalinas e o tal começo de ano me incomoda.

Independente da minha opção profissional – sócio de uma empresa de desenvolvimento humano e organizacional e coach, o que significa que preciso do mercado aquecido para gerar trabalho e renda, um período de quase 60 dias entre vésperas do Natal e pós-carnaval com o mercado em ritmo lento me parece demais.

Entendo perfeitamente os argumentos que ouço aqui e ali: as pessoas precisam de férias, é verão, as escolas e universidades estão sem aulas, o turismo também gera trabalho e renda importantes, o carnaval é popular e democrático, etc etc. Mas quase 60 dias entre encerrar um ano comercial e começar outro não pode funcionar em lugar algum do planeta.

Salvo raras exceções, as grandes e mais importantes decisões ficam adiadas desde a reta final de dezembro e o meio de fevereiro. Nos anos em que o carnaval ocorre no começo de março (como em 2014), a situação beira o absurdo.

Insisto: a questão não está nas festas de fim de ano ou no carnaval. A questão está na nossa forma de encarar o período em si. Será que não podíamos curtir as festas natalinas e o carnaval trabalhando em ritmo normal no intervalo de tempo entre ambas? Se o ano tem 52 semanas e permanecemos 7 dessas semanas consecutivas em período de “festas”, significa dizer que quase 15% do calendário está em marcha lenta (ou lentíssima).

Para quem precisa correr atrás de enorme prejuízo social, e nos últimos anos voltou a sofrer com a recessão econômica, a inflação e o desemprego, realmente temos que repensar nosso calendário. Ou, sendo mais específico e justo, precisamos repensar a maneira como lidamos com nosso calendário.

Caso contrário, não poderemos jamais reclamar do crescimento pífio, da falta de perspectivas, do atraso em comparação com outras nações. Uma metáfora construída a partir das corridas de carro – como a Fórmula 1, nos ajudará aqui: a cada volta percorrida (uma ano com 52 semanas), já nos damos um atraso de quase 15% em relação a outros carros (nações) pois ficamos parte do trecho em marcha lenta ou lentíssima.

Para finalizar, minhas últimas questões: será que algum dia nós vamos reagir ou seremos como aqueles carros que tomam 4, 5, 6 ou mais voltas dos líderes? Com isso tudo em mente, será que agora podemos começar o ano?

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sidnei_batista

 

 

 

 

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Ócio improdutivo

  1. * por Tom Coelho

     

    “A preguiça anda tão devagar

    que a pobreza facilmente a alcança.”

    (Confúcio)

     

     

    O Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro em homenagem a Zumbi dos Palmares, morto nesta data em 1695, considerado símbolo da luta dos negros escravizados no Brasil, foi instituído oficialmente em 2011, sendo adotado como feriado em diversos municípios brasileiros.

     

    Embora seja um motivo nobre para promover conscientização e debate, a data acaba sendo apenas mais um feriado. Aliás, você já teve a curiosidade de bisbilhotar o calendário para o próximo ano? Pois então, teremos doze feriados nacionais, sendo que nove deles cairão durante a semana. Assim, se considerarmos 52 sábados, 52 domingos, os nove feriados nacionais, dois possíveis feriados municipais e mais quatro dias emendados (no mínimo), contabilizaremos 119 dias “não produtivos”. Se somarmos a isso os 30 dias de férias constitucionais, chegaremos à conclusão de que um cidadão comum fica quase 40% do ano sem nada produzir. E não estou incluindo na conta a “paradeira” pré-Carnaval, que coloca o país em marcha lenta por mais de 40 dias, com protelação de decisões e investimentos.

     

    Minha proposta não é debater a relevância de tais datas, mas sim promover a seguinte reflexão: é justificável convertê-las em feriados?

     

    Antes que se façam conclusões precipitadas, é evidente que estou generalizando. Afinal, há muitas pessoas trabalhando nestas ocasiões, motivo de comemoração para a indústria do turismo e para parte significativa do comércio. Mas não podemos nos furtar à realidade dos fatos.

     

    Segundo o IBGE, a população economicamente ativa (PEA) no Brasil é da ordem de 51% (este índice chega a ser de até 75% em alguns países). Em outras palavras, metade da população tem seu sustento condicionado a quem trabalha. Assim, temos uma força de trabalho reduzida, com baixo nível de escolaridade, carente de capacitação e que muitas vezes não está envolvida com sua atividade profissional.

     

    Isso é apenas um fragmento da história, mas uma explicação plausível, ainda que parcial, do porquê de nossa baixa produtividade e baixa competitividade. É certo que horas de trabalho não necessariamente sinalizam um trabalho qualificado. Mas precisamos repensar a agenda nacional e a própria dinâmica profissional em um mundo globalizado e informatizado.

     

    Pergunto-me quando haverá algum político com coragem suficiente para propor que determinadas datas sejam celebradas no sábado ou domingo, evitando mais um feriado no meio da semana…

     

    Não se trata apenas de trabalhar mais, mas de trabalhar mais inteligentemente, com dedicação, empenho, uso adequado do tempo, foco no resultado e paixão.

 

Tom_Coelho

Gestão empresarial em tempos de crise

Por Tom Coelho

“Gestão e sobrevivência andam lado a lado.”

(Joseph Carvalho)

 

Se o término das eleições definiu o cenário político para os próximos anos, o mesmo não se pode dizer com relação às perspectivas econômicas. Nossa atual conjuntura aponta para um crescimento próximo a zero neste ano e grande pessimismo para 2015. A inflação ultrapassou a meta definida, os gastos públicos bateram recorde, voltamos a ter déficit nas transações internacionais, a renda per capita encolheu e a indústria perde continuamente participação no PIB nacional.  Até mesmo o desemprego em queda é ilusório, haja vista que é mensurado com base na estatística de pessoas que estão em busca de emprego, índice este declinante em decorrência dos programas sociais. Prova disso é que os pedidos de seguro-desemprego estão em ascensão, podendo atingir nove milhões de pessoas neste ano, o que pode ser qualificado como, no mínimo, contraditório.

 

Economistas e cientistas políticos concordam que a correção da rota passa pelas reformas política, fiscal e tributária. O governo precisa elevar sua poupança, reduzir os gastos da máquina e ao mesmo tempo investir em infraestrutura; necessita aumentar a arrecadação, mas diminuir a carga tributária para estimular a produção e elevar a competitividade.

 

Enquanto estes impasses são discutidos, cabe aos empresários cuidarem de seus próprios negócios. Afinal, a macroeconomia tem impacto no longo prazo e a gestão microeconômica tem que ser feita aqui e agora. Seguem sete passos para reflexão:

 

1. Repensar o negócio. Analise seus produtos e/ou serviços considerando as demandas dos consumidores e as ações de sua concorrência. Você poderá concluir que é hora de reduzir seu portfólio, enfatizando os itens mais expressivos onde sua competitividade seja maior, ou ampliar a carteira, buscando atingir novos nichos de mercado.

 

2. Planejar. Elabore um plano estratégico para um horizonte mínimo de doze meses, tendo em vista três cenários possíveis: estagnação, com manutenção das vendas obtidas no decorrer deste ano; retração, com queda nos resultados; e evolução, com crescimento do faturamento. Prepare-se para agir diante de qualquer situação conjuntural.

 

3. Reduzir custos. Verifique todos os seus processos, de administrativos a operacionais, a fim de identificar meios para cortar custos sem evidentemente impactar a qualidade. Isso poderá conduzir à necessidade de investimentos em infraestrutura possibilitando elevar a efetividade, ou seja, fazer mais e melhor com menos recursos físicos e financeiros, envolvendo também menos tempo e pessoas.

 

4. Administrar as finanças. A falta de capital de giro é um dos maiores problemas corporativos, em especial das empresas de pequeno e médio porte. Por isso, é necessário ter austeridade na gestão do caixa. Isso significa cuidado na obtenção de crédito e vigília constante dos índices de endividamento, pois é impossível vencer os juros compostos. Atenção também com as vendas a prazo e com o sistema de cobrança dos inadimplentes.

 

5. Capacitar a equipe. O caminho para elevar a produtividade e, consequentemente, a competitividade, passa pelo investimento em sua equipe. Considerando-se o baixo nível de preparo com que os profissionais chegam ao mercado, decorrência direta da qualidade de nosso ensino, cabe a você instruir, treinar e desenvolver seus funcionários. Assegure-se de que estão alinhados à cultura de sua empresa, que conhecem seus produtos e/ou serviços, e que entregam aos clientes internos e externos um atendimento exemplar. Trabalhe para elevar o nível de engajamento dos mesmos, através de políticas de remuneração variável baseadas no êxito, programas de reconhecimento e valorização e construção de um clima organizacional próspero. E, como sempre digo, lembre-se: contrate devagar, mas demita rápido.

 

6. Vender mais. O coração de qualquer empresa está no departamento comercial, responsável pela origem das receitas. Para apoiá-lo, acione os mais diversos instrumentos de marketing, buscando mostrar-se ao mercado e difundir seus diferenciais. Você pode optar por campanhas para promover o desejo e o impulso do consumidor por seu produto e/ou serviço, ou ações mais institucionais capazes de potencializar a credibilidade e a reputação da marca. Escolha os meios e veículos adequados para divulgação e não desconsidere a força das mídias sociais.

 

7. Administrar impostos. Quanto mais competitivo for o seu mercado de atuação, impondo margens menores que exigem volumes crescentes para alcançar resultados satisfatórios, mais relevante será o cuidado com a carga tributária que impacta o seu negócio. Assim, consulte seu contador sobre a viabilidade em alterar seu regime de tributação do lucro real para o presumido ou aderir ao Simples. Considere também a possibilidade de desmembrar sua companhia em duas, ambas optantes pelo Simples, a fim de distribuir o faturamento e usufruir de alíquotas reduzidas. Consulte também outras formas de elisão fiscal (redução legal de tributos).

 

Todas estas ações básicas são essenciais para perseguir a sustentabilidade de seu negócio, embora não sejam as únicas, nem tampouco garantia plena de sucesso. Mas elas estão ao seu alcance e independem das decisões tomadas em âmbito político.

 

Tom_Coelho