Lições Aprendidas em Tempos de Crise

Por José Renato Santiago

A possibilidade de aprendizado é, certamente, algo comum em todas as pessoas. Deveria ser mais que isso. Seria interessante afirmar que a aprendizagem está presente em cada um de nós.

Infelizmente, ao que parece, o livre arbítrio está à frente de tudo, e permite que as pessoas, queiram, ou não, aprender. A verdade é esta mesma, querer ou não.

Talvez também existam aqueles que não conseguem aprender, mas certamente eles são a grande minoria, ainda mais quando consideramos o aprendizado informal ou tácito que é justamente aquele desenvolvido por conta da observação, experiência vivida e, até mesmo, do convívio com demais pessoas.

Diante disso, ao longo de nossa vida pessoal e profissional, por conta de tudo que passamos, são inúmeras as lições aprendidas potenciais e que, certamente, nos fizeram, e nos farão, evoluir.

Para muitos de nós, no entanto, estas lições aprendidas não passarão de meros registros de fatos e situações vividas. Realmente uma pena, mais que isso, um desperdício.

Só podemos considerar que estes registros se tornaram lições aprendidas, a partir do momento que os mesmos passarem a ser incorporados, ou ao menos considerados, em nosso dia a dia. Sem isso, não passará de uma mera lista de registros.

Metaforicamente seria a mesma coisa de possuirmos uma enorme estante cheia de livros, que só terá alguma valia efetiva em nossa vida a partir do momento que investirmos nosso tempo ao lê-los, e, mais que isso, que seus conteúdos passem a nos pautar, ou não, por conta dos conhecimentos obtidos. Isso mesmo, nem sempre, precisamos incorporar aquilo que aprendemos, em nossa vida, basta que possamos considerar esta possibilidade, daí já teremos uma lição e o devido aprendizado. Por outro lado, também é verdade, que podemos vender todos nossos livros, e obter um dinheirinho com isso, mas certamente seria a pior das opções.

Ao vivermos uma experiência desagradável, é inegável a oportunidade de obtermos importantes dicas e sugestões de como evitar que ela se repita, e/ou, caso, voltemos a nos deparar com a mesma, de sairmos melhor da mesma. Quando consideramos isso, enfim, temos uma, ou várias, Lições Aprendidas.

Por outro lado, uma vez presentes em situações de grande alegria e/ou sucesso, eis que nos é dada mais uma potencial oportunidade de aprendermos sobre como devemos agir tendo em vista perpetuar estes bons momentos. Ao desenvolvermos este entendimento, e fazê-lo presente em nossas vidas, eis que teremos outras Lições Aprendidas.

Infelizmente nem sempre isto é obvio e/ou está presente de forma natural em nosso dia a dia. É comum que passemos nossos dias de forma automática e rotineira, sem nos ater com o arcabouço de aprendizado que nos cerca. Isto mesmo, a rotina depende da forma como levamos nossa vida.

Em tempos de crises, muitos de nós tendemos a nos limitar, quase que nos apagar, como que se isso fosse uma garantia em prol de garantir eventual status favorável. Aliás, há até um velho ditado sobre isso, algo parecido como, “… macaco que pula de galho em galho, quer chumbo…”. Um pleno incentivo a ficarmos parados em um galho, que pode, por si só, quebrar e ir ao chão.

Se há algo que a história do mundo e porque não dizer, a nossa própria historia, de cada um de nós, já mostrou, é que os nossos melhores momentos foram vividos quando estávamos em movimento. Quando estamos caminhando, evoluindo, conversando, progredindo, enfim, longe de qualquer aparência estática, que terá valor, normalmente quando expostas em museus ou lugares afins. Mas neste caso, teríamos que ser estátuas.

Já vivemos isso em outras oportunidades, momentos de desalento, tristeza e falta completa de esperança, e se lembrarmos, a lição aprendida que nos fez sair desta situação foi entrar em uma, ou qualquer, rotina de movimento.

Isto valeu, certamente, na vida pessoal ou profissional de qualquer um de nós, e continuará a valer, caso ainda estejamos com a disposição e/ou o livre arbítrio, de querermos continuar a aprender.

Quando pararmos de aprender, nos limitaremos a coisa alguma.

A escolha é nossa.

 

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A Gestão do Conhecimento nos atuais tempos de crise

Por José Renato Santiago

Considerado um dos temas mais promissores do começo do século XXI, a gestão do conhecimento surgiu forte no cenário corporativo brasileiro por conta da abordagem única sobre questões muito relevantes, que há muito pairavam como dúvidas inquietantes nas cabeças de muitos profissionais. Uma delas dizia respeito à definição de ‘trabalhador do conhecimento’, um resgate ao que já havia citado, fazia mais de décadas, por Peter Drucker. Outras tinham relação com os conceitos de espiral do conhecimento, potencializados pelos pesquisadores nipônicos Nonaka e Takeuchi. Por fim, o capital intelectual tão bem conceituado por Thomas Stewart. Através de estudos muito bem fundamentados, o tema se aderiu perfeitamente aos desafios do novo século, ainda mais por conta de sua, tão decantada, multidisciplinaridade.

A partir daí, acreditava se que a responsabilidade pela implantação de iniciativas voltadas à gestão do conhecimento seria compartilhada pelas diversas áreas, e profissionais, presentes em uma empresa. Inegável acreditar certo fascínio nisso, ainda que alguns poucos ainda acreditassem ser mais um tema a ficar restrito aos muros das áreas de recursos humanos, junto aos seus vários programas de treinamento, de capacitação e, até mesmo, de gestão por competências.

Logo, no entanto, se tornou evidente que os desafios de compartilhar conhecimentos, de diferenciar e estruturar os meios em prol de se potencializar a construção do conhecimento tácito e do registro do conhecimento explícito, bem como da criação de um processo de lições aprendidas e de comunidades de práticas, apenas para citar alguns deles, certamente estavam presentes junto a todos os níveis hierárquicos de uma organização, nas mais diversas disciplinas e justamente por isso, de tamanha relevância por conta do atendimento de três metas essenciais que desde sempre estão presentes no mundo corporativo: fazer melhor, com maior rentabilidade e dentro do melhor planejamento, em suma, os vértices do triangulo formada por qualidade, custo e tempo.

Inadvertidamente, no entanto, durante algum tempo, como se em uma tentativa preventiva de fugir de eventuais amarras das demandas das áreas de recursos humanos, o tema gestão do conhecimento se aproximou perigosamente das soluções tecnológicos, como se estivesse inserida aos escopos dos inúmeros pacotes de sistemas ERP, portais corporativos, gerenciadores de documentos e outros tantos. Chegou se, até mesmo, a serem oferecidos softwares voltados para gerenciar conhecimento. Muito mais que um equívoco, doloso ou não, a miopia conceitual provocou danos ao tema, que até hoje, persistem e, inegavelmente, causam certos incômodos.

Muitas organizações ainda sofrem da criticidade maior vivida por conta de erros na gestão de seus conhecimentos e de seus colaboradores, e costumam ter certeza disso, quando notam a fragilidade, necessária por conta da redução de custos, tão presente em tempos menos promissores, de substituir profissionais experientes, mais bem remunerados, por outros, mais em conta, que ainda que possuam vasto arcabouço de conhecimento teórico, se mostram incipientes ao aplicá-los no dia a dia. São nestes momentos, que se evidencia a importância do tema que possui relevância mais que estratégica, uma vez que sua ausência tem soado tal qual um canto do cisne para muitas das empresas que lutam com forças quase sobrenaturais para sobreviverem.

A boa notícia nisso tudo, é que a incrível elasticidade do tema permite sua adoção, de forma prática e com resultados mensuráveis, desde que implantada de forma séria, estruturada e com os pés no chão.

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