Crise de liderança

* por Tom Coelho

 

“Liderança é a combinação de estratégia e caráter.
Se você precisar escolher uma, fique sem a estratégia.”

(General H. Norman Schwarzkopf)

 

 

Crise é a palavra mais recorrente em nosso atual contexto. É evidente que estamos diante de uma crise econômica, marcada por retração do PIB, inflação inercial, aumento do desemprego, desvalorização cambial, entre outros aspectos, além de uma crise política. Porém, nada se compara à crise de liderança, a qual não se restringe ao nosso país.

Nos Estados Unidos vemos a ascensão de Donald Trump, com sua retórica arrogante e opressiva capaz de sinalizar para o risco de uma nova guerra fria caso seja eleito. Uma postura muito diferente de Barack Obama, exemplificada por sua iniciativa em buscar uma reaproximação com Cuba.

Na Síria, Bashar al-Assad comanda o país há 15 anos, após suceder seu pai que ficara no poder por três décadas. É o algoz de uma guerra civil que já dura cinco anos, deixando mais de 250 mil mortos e 4,5 milhões de refugiados.

Na Argentina, Mauricio Macri, recém-empossado, extinguiu mais de 20 mil cargos comissionados e gradualmente reinsere o país no comércio internacional eliminando restrições às importações, reduzindo impostos e quitando débitos com credores.

A partir destes breves exemplos, perceba o que líderes podem fazer e o impacto que o exercício do poder tem sobre a sociedade. Então, volte para a realidade brasileira e responda com sinceridade: quem são as lideranças que conduzem nosso país?

Em um ano eleitoral, é lamentável observar a falta de opções. No legislativo, deparamo-nos com uma legião de oportunistas usufruindo dos benefícios do cargo sem representar efetivamente os cidadãos que os elegeram. Vereadores que se limitam a propor moções de aplausos, datas comemorativas e alteração de nomes de ruas, bem como deputados orientados a obstruir votações e fazer conchavos diversos. No executivo, pessoas indicadas politicamente, sem qualquer conhecimento e preparo para o exercício de suas funções.

Mas esta crise de liderança não se restringe ao setor público. Na verdade, ela está mais próxima de você do que imagina. Ela está em sua casa, em pais ausentes que não impõem limites aos filhos e terceirizam a educação dos mesmos à escola. Está em sua empresa, em gestores que agem como chefes utilizando a hierarquia do cargo. Está dentro de você, quando não cuida de sua própria saúde e de suas relações interpessoais entregando-se à ansiedade, à angústia e à depressão.

Pessoalmente, sempre acreditei que pequenas iniciativas são o caminho para grandes mudanças. Você inicia com ações propositivas em seu entorno, envolve sua comunidade e depois amplia o alcance. Ainda acredito nisso, mas esta metodologia demanda muito tempo – um tempo de que não dispomos mais. Por isso, precisamos de lideranças autênticas capazes de impactar positivamente a sociedade. Gestores públicos com comportamento ético, perfil de estadista e visão de longo prazo; líderes empresariais capazes de enxergar além do lucro imediato; pessoas dotadas de autoliderança. Este líder pode ser você!

Tom Coelho estará conosco no dia 13/07/16 com a Palestra: “RH Educador – A evolução da gestão de pessoas” – Saiba mais.

Tom_Coelho

As empresas e o tsunami de lama no Brasil

Por Rogério Chér 

O assombroso tsunami de lama em Mariana estarrece pela crueldade em si, mas também nos tiraniza pelo que simboliza no Brasil de agora, pelo que vivemos como país neste momento.

Políticos por todos os lados fazem questão de nos enlouquecer de indignação. A lista de atitudes é irritantemente extensa e ofensiva à cidadania. Mas quero chamar sua atenção para outro detalhe: a co-responsabilidade de empresas por esta lama. Não me refiro apenas à tragédia em Mariana. Do Mensalão ao Petrolão, dezenas de dezenas de empresários, executivos, advogados, banqueiros e outros cuja ocupação profissional sequer consigo definir, compõem a cena do crime, ao lado de figuras políticas repulsivas. Temos organizações perto de nós, do nosso dia a dia, que não figuram nas manchetes policiais, mas repetem práticas diárias de envergonhar até mesmo um congressista brasileiro.

Nós, que não somos do Ministério Público, da Polícia Federal, do FBI ou da CIA… o que podemos fazer? Se você trabalha para uma empresa que não é ética, troque-a por outra que o mereça. Você, candidato a um emprego neste momento, não mande seu currículo para qualquer um. Não podemos dar crédito a quem nos rouba com serviços enganosos, promessas de Pinóquio e sociedades ocultas com figuras cancerosas da República. É possível fazer algo sim como colaborador, fornecedor, cliente ou acionista destas empresas: boicotá-las, deixar transparente sua reputação, envergonhar os criminosos que as dirigem com pinta de “sérios executivos”, e fazer com que sintam a única emoção que de fato é capaz de mudar seus comportamentos: a falta de dinheiro!

Estamos em tempo, como cidadãos, de fazer a nossa parte.

LEMBRE-SE: CONSCIÊNCIA TRANSFORMA A REALIDADE.

autor_rogerio_cher

 

 

Fonte: http://rogeriocher.com.br

Evento Café e Diálogo

O panorama econômico brasileiro, Perspectivas para 2016, Mercado, Política e Valores no Brasil foram os temas que permearam o evento Café e Diálogo da STATO, consultoria especializada em transição de carreira e recrutamento.

Vídeo 1: Palestra: Ética e o Brasil – Leandro Karnal (0h40m50s)
Mercado, Política e Valores no Brasil foram os temas que permearam a fala de Leandro Karnal na Palestra ‘Ética e o Brasil’ no evento Café e Diálogo da STATO

Vídeo 2: Palestra: Ética e o Brasil – Luiz Carlos Bresser-Pereira (0h28h25)
Professor e Ex-ministro da fazendo Luiz Carlos Bresser Pereira fala sobre o panorama econômico brasileiro e Perspectivas para 2016 e comenta também as questões éticas na política brasileira no evento Café e Diálogo da STATO

Vídeo 3: Debate: Leandro Karnal, Luiz Carlos Bresser-Pereira e Ricardo Natale (0h31m22s)

Os deveres do poder público

“Cada povo tem o governo que merece.”
(Joseph-Marie Maistre, filósofo francês, em 1811)

 

Há anos a administração pública em nosso país, em todas as esferas de governo, tem terceirizado aos cidadãos suas atribuições básicas.

Assim, é impraticável abrir mão de um convênio médico e odontológico, ficando à mercê do sistema público de saúde, formado por hospitais lotados, carência de médicos e espera superior a três meses para uma simples consulta.

O mesmo se aplica à educação. Para oferecer um ensino de qualidade aos nossos filhos, precisamos recorrer a instituições privadas. E no mundo corporativo, cabe às empresas formar e capacitar os profissionais contratados, que chegam ao mercado de trabalho absolutamente despreparados, entregando baixa produtividade que impacta diretamente a competitividade. É o chamado “apagão da mão de obra”, decorrência direta dos analfabetos funcionais que têm sido despejados pelas escolas públicas e seu sistema de progressão continuada.

Com relação à segurança, outra das garantias previstas na Constituição Federal, temos que instalar alarme residencial, cerca elétrica e viver em condomínio, além de fazer seguro de nossos bens e, em breve, andar em carro blindado, selecionando criteriosamente os locais e horários para circular nas ruas.

Agora, diante da crise hídrica, será necessário instalar cisternas, poço artesiano ou ampliar a capacidade do reservatório existente, além de adaptar a tubulação interna para aproveitar a água de reuso. E para acessar a energia elétrica, teremos que adquirir gerador, instalar coletores de energia solar e também adaptar o sistema de distribuição desta fonte alternativa de energia.

O poder público tem o dever de agir, o que significa atender com celeridade aos interesses dos cidadãos, antecipando-se mediante planejamento às demandas essenciais. Tem o dever da eficiência, utilizando os recursos com efetividade e presteza. Tem o dever da probidade, agindo com ética, integridade e retidão. E tem o dever de prestar contas, atestando a prática dos deveres mencionados anteriormente.

Contudo, o que temos observado, salvo raras exceções, é a inépcia administrativa e o saqueamento do erário. Tudo isso com a população arcando com uma carga tributária de “apenas” 37% do PIB.

Qual o limite de nossa leniência? Até quando iremos suportar tanta negligência e omissão? Ou estaremos fadados a um retrocesso contínuo e progressivo, até o colapso social?

Tom_Coelho

Terrorismo silencioso

“Há fome de humanidade entre nós. Por sorte, somos um povo que ainda é capaz de sentir, mudar, impedir que o desastre se consuma, o suicídio social.”
(Herbert de Souza, o Betinho)
Charlie Hebdo. Este é o assunto recorrente desde a virada do ano. Em Paris, quase quatro milhões de pessoas saíram às ruas para protestar, naquela que é considerada a maior manifestação da história da França. Chefes de Estado de cerca de 50 países estiveram presentes neste ato. A imprensa de todo o mundo tem promovido ampla cobertura dos fatos e a primeira edição do jornal satírico após o ataque ocorrido em 7 de janeiro atingiu a marca de cinco milhões de exemplares, mais de 80 vezes a circulação convencional de 60 mil.

Há uma comoção popular e mundial, justificável porque qualquer ato de violência deve ser repudiado. Dentro deste contexto, poderíamos debater os limites da liberdade de expressão quando uma religião é insultada, como foi o caso, ou analisar as reações desmedidas do público, notadamente nas mídias sociais, generalizando sua indignação com uso de expressões como “negro sujo” ou “árabes imundos”. Entretanto, gostaria de promover uma reflexão sobre outros tipos de terrorismo que nos rodeiam e contra os quais pouco tem sido feito.

No Brasil, por exemplo, mais de 40 mil pessoas morrem todos os anos em acidentes de trânsito, enquanto outros 170 mil são feridos, segundo o Ministério da Saúde. Somos o quarto país no mundo, entre 183 nações, em número absoluto de óbitos no trânsito, perdendo apenas para China, Índia e Nigéria. Trata-se de uma autêntica guerra civil que para ser remediada depende de investimentos em infraestrutura e em educação. Mas você já viu alguma manifestação exigindo: transporte público de qualidade para reduzir o fluxo de automóveis; manutenção e sinalização adequadas de ruas, estradas e calçadas; disciplinas no ensino médio orientando os jovens sobre como se portar no trânsito? Na verdade, o que vemos são medidas paliativas como a implantação de uma indústria de radares, preocupada em obter arrecadação com multas em lugar de prevenir acidentes.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 805 milhões de pessoas no mundo não se alimentam em quantidade suficiente para serem saudáveis, sendo que uma em cada nove pessoas vai dormir com fome todos os dias. A Inter-agency Group for Child Mortality Estimation (IGME) estima que apenas US$ 0,25 por dia seriam suficientes para garantir a uma criança acesso a todos os nutrientes e vitaminas necessários ao crescimento saudável. Mas enquanto guerras e corrupção grassam pelo planeta, quantas são as manifestações efetivas – e não conduzidas por grupos temáticos e pontuais – que observamos e são divulgadas pela mídia com intuito de mitigar fatos como estes?

Como tantos outros, guardo luto pelas famílias das vítimas do Charlie Hebdo. Mas há um terrorismo silencioso, constante e disseminado em nossa sociedade que carece de maior atenção, divulgação e ação. E as vítimas também são Charlie.

Tom_Coelho