A Gestão do Conhecimento nos atuais tempos de crise

Por José Renato Santiago

Considerado um dos temas mais promissores do começo do século XXI, a gestão do conhecimento surgiu forte no cenário corporativo brasileiro por conta da abordagem única sobre questões muito relevantes, que há muito pairavam como dúvidas inquietantes nas cabeças de muitos profissionais. Uma delas dizia respeito à definição de ‘trabalhador do conhecimento’, um resgate ao que já havia citado, fazia mais de décadas, por Peter Drucker. Outras tinham relação com os conceitos de espiral do conhecimento, potencializados pelos pesquisadores nipônicos Nonaka e Takeuchi. Por fim, o capital intelectual tão bem conceituado por Thomas Stewart. Através de estudos muito bem fundamentados, o tema se aderiu perfeitamente aos desafios do novo século, ainda mais por conta de sua, tão decantada, multidisciplinaridade.

A partir daí, acreditava se que a responsabilidade pela implantação de iniciativas voltadas à gestão do conhecimento seria compartilhada pelas diversas áreas, e profissionais, presentes em uma empresa. Inegável acreditar certo fascínio nisso, ainda que alguns poucos ainda acreditassem ser mais um tema a ficar restrito aos muros das áreas de recursos humanos, junto aos seus vários programas de treinamento, de capacitação e, até mesmo, de gestão por competências.

Logo, no entanto, se tornou evidente que os desafios de compartilhar conhecimentos, de diferenciar e estruturar os meios em prol de se potencializar a construção do conhecimento tácito e do registro do conhecimento explícito, bem como da criação de um processo de lições aprendidas e de comunidades de práticas, apenas para citar alguns deles, certamente estavam presentes junto a todos os níveis hierárquicos de uma organização, nas mais diversas disciplinas e justamente por isso, de tamanha relevância por conta do atendimento de três metas essenciais que desde sempre estão presentes no mundo corporativo: fazer melhor, com maior rentabilidade e dentro do melhor planejamento, em suma, os vértices do triangulo formada por qualidade, custo e tempo.

Inadvertidamente, no entanto, durante algum tempo, como se em uma tentativa preventiva de fugir de eventuais amarras das demandas das áreas de recursos humanos, o tema gestão do conhecimento se aproximou perigosamente das soluções tecnológicos, como se estivesse inserida aos escopos dos inúmeros pacotes de sistemas ERP, portais corporativos, gerenciadores de documentos e outros tantos. Chegou se, até mesmo, a serem oferecidos softwares voltados para gerenciar conhecimento. Muito mais que um equívoco, doloso ou não, a miopia conceitual provocou danos ao tema, que até hoje, persistem e, inegavelmente, causam certos incômodos.

Muitas organizações ainda sofrem da criticidade maior vivida por conta de erros na gestão de seus conhecimentos e de seus colaboradores, e costumam ter certeza disso, quando notam a fragilidade, necessária por conta da redução de custos, tão presente em tempos menos promissores, de substituir profissionais experientes, mais bem remunerados, por outros, mais em conta, que ainda que possuam vasto arcabouço de conhecimento teórico, se mostram incipientes ao aplicá-los no dia a dia. São nestes momentos, que se evidencia a importância do tema que possui relevância mais que estratégica, uma vez que sua ausência tem soado tal qual um canto do cisne para muitas das empresas que lutam com forças quase sobrenaturais para sobreviverem.

A boa notícia nisso tudo, é que a incrível elasticidade do tema permite sua adoção, de forma prática e com resultados mensuráveis, desde que implantada de forma séria, estruturada e com os pés no chão.

clube_autor_jose_renato_santiago 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *