Homenagem em vida

por Tom Coelho

 

 “A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las.”

(Aristóteles)

 

 

Em 1950, após a derrota para o Uruguai na final da Copa do Mundo realizada no Brasil, o dramaturgo Nelson Rodrigues cunhou a expressão “complexo de vira-lata” para qualificar o hábito de os brasileiros se colocarem voluntariamente em posição de inferioridade face ao resto do mundo. Mais ainda, ele dizia que o brasileiro é um “narciso às avessas”, que menospreza sua própria imagem.

 

A tese já foi debatida por sociólogos, antropólogos e outros. O ensaísta Humberto Mariotti pontuou assertivamente que este complexo acaba reforçado pelos recorrentes escândalos de corrupção e somente a educação será capaz de resgatar nossa autoestima.

 

Um exemplo desta prática está no fato de sempre enaltecermos personalidades do exterior nos mais diversos campos do conhecimento, deixando de reverenciar os grandes nomes de nosso próprio país. Para ilustrar, podemos citar o estadunidense Philip Kotler, considerado o ícone do marketing. Porém, aqui no Brasil temos Francisco Alberto Madia de Souza, que atua em marketing desde 1968, quando este era ainda um tema obscuro no mundo corporativo.

 

Madia tem 22 livros publicados, recebeu dois Prêmios Jabuti e já realizou mais de mil palestras e conferências. Criou os prêmios Top of Marketing, Marketing Best Sustentabilidade e Marketing Best, este último na sua 27ª edição. Preside a Academia Brasileira de Marketing e o MadiaMundoMarketing, empresa com atuação em comunicação, branding, assessoria jurídica e de RH, sempre com foco em Marketing, além da Madia Marketing School, uma unidade de educação diferenciada que tem como ênfase o ensino voltado à prática e não à mera titulação, da qual tenho a honra de integrar o corpo docente.

 

Nesta semana, por ocasião da cerimônia do Marketing Best, o publicitário Roberto Justus recebeu a condecoração de Marketing Citizen 2014. Durante seu pronunciamento, fez questão de destacar a importância de Francisco Madia em sua trajetória profissional.

 

Assim é o Madia. Uma pessoa de extrema lucidez, simplicidade singular, altamente acessível e com um conhecimento ímpar do marketing. Um estudioso inveterado e um mentor para todos que o conhecem. Alguns poderiam dizer que Madia é o Kotler brasileiro. Eu sempre digo que Kotler é o Madia norte-americano.

 

Vida longa ao meu amigo! E que este singelo reconhecimento seja um convite para que você, leitor, também lembre-se de que as melhores e mais sinceras homenagens devem ser prestadas o quanto antes e não postumamente.

 

Tom_Coelho

Gestão empresarial em tempos de crise

Por Tom Coelho

“Gestão e sobrevivência andam lado a lado.”

(Joseph Carvalho)

 

Se o término das eleições definiu o cenário político para os próximos anos, o mesmo não se pode dizer com relação às perspectivas econômicas. Nossa atual conjuntura aponta para um crescimento próximo a zero neste ano e grande pessimismo para 2015. A inflação ultrapassou a meta definida, os gastos públicos bateram recorde, voltamos a ter déficit nas transações internacionais, a renda per capita encolheu e a indústria perde continuamente participação no PIB nacional.  Até mesmo o desemprego em queda é ilusório, haja vista que é mensurado com base na estatística de pessoas que estão em busca de emprego, índice este declinante em decorrência dos programas sociais. Prova disso é que os pedidos de seguro-desemprego estão em ascensão, podendo atingir nove milhões de pessoas neste ano, o que pode ser qualificado como, no mínimo, contraditório.

 

Economistas e cientistas políticos concordam que a correção da rota passa pelas reformas política, fiscal e tributária. O governo precisa elevar sua poupança, reduzir os gastos da máquina e ao mesmo tempo investir em infraestrutura; necessita aumentar a arrecadação, mas diminuir a carga tributária para estimular a produção e elevar a competitividade.

 

Enquanto estes impasses são discutidos, cabe aos empresários cuidarem de seus próprios negócios. Afinal, a macroeconomia tem impacto no longo prazo e a gestão microeconômica tem que ser feita aqui e agora. Seguem sete passos para reflexão:

 

1. Repensar o negócio. Analise seus produtos e/ou serviços considerando as demandas dos consumidores e as ações de sua concorrência. Você poderá concluir que é hora de reduzir seu portfólio, enfatizando os itens mais expressivos onde sua competitividade seja maior, ou ampliar a carteira, buscando atingir novos nichos de mercado.

 

2. Planejar. Elabore um plano estratégico para um horizonte mínimo de doze meses, tendo em vista três cenários possíveis: estagnação, com manutenção das vendas obtidas no decorrer deste ano; retração, com queda nos resultados; e evolução, com crescimento do faturamento. Prepare-se para agir diante de qualquer situação conjuntural.

 

3. Reduzir custos. Verifique todos os seus processos, de administrativos a operacionais, a fim de identificar meios para cortar custos sem evidentemente impactar a qualidade. Isso poderá conduzir à necessidade de investimentos em infraestrutura possibilitando elevar a efetividade, ou seja, fazer mais e melhor com menos recursos físicos e financeiros, envolvendo também menos tempo e pessoas.

 

4. Administrar as finanças. A falta de capital de giro é um dos maiores problemas corporativos, em especial das empresas de pequeno e médio porte. Por isso, é necessário ter austeridade na gestão do caixa. Isso significa cuidado na obtenção de crédito e vigília constante dos índices de endividamento, pois é impossível vencer os juros compostos. Atenção também com as vendas a prazo e com o sistema de cobrança dos inadimplentes.

 

5. Capacitar a equipe. O caminho para elevar a produtividade e, consequentemente, a competitividade, passa pelo investimento em sua equipe. Considerando-se o baixo nível de preparo com que os profissionais chegam ao mercado, decorrência direta da qualidade de nosso ensino, cabe a você instruir, treinar e desenvolver seus funcionários. Assegure-se de que estão alinhados à cultura de sua empresa, que conhecem seus produtos e/ou serviços, e que entregam aos clientes internos e externos um atendimento exemplar. Trabalhe para elevar o nível de engajamento dos mesmos, através de políticas de remuneração variável baseadas no êxito, programas de reconhecimento e valorização e construção de um clima organizacional próspero. E, como sempre digo, lembre-se: contrate devagar, mas demita rápido.

 

6. Vender mais. O coração de qualquer empresa está no departamento comercial, responsável pela origem das receitas. Para apoiá-lo, acione os mais diversos instrumentos de marketing, buscando mostrar-se ao mercado e difundir seus diferenciais. Você pode optar por campanhas para promover o desejo e o impulso do consumidor por seu produto e/ou serviço, ou ações mais institucionais capazes de potencializar a credibilidade e a reputação da marca. Escolha os meios e veículos adequados para divulgação e não desconsidere a força das mídias sociais.

 

7. Administrar impostos. Quanto mais competitivo for o seu mercado de atuação, impondo margens menores que exigem volumes crescentes para alcançar resultados satisfatórios, mais relevante será o cuidado com a carga tributária que impacta o seu negócio. Assim, consulte seu contador sobre a viabilidade em alterar seu regime de tributação do lucro real para o presumido ou aderir ao Simples. Considere também a possibilidade de desmembrar sua companhia em duas, ambas optantes pelo Simples, a fim de distribuir o faturamento e usufruir de alíquotas reduzidas. Consulte também outras formas de elisão fiscal (redução legal de tributos).

 

Todas estas ações básicas são essenciais para perseguir a sustentabilidade de seu negócio, embora não sejam as únicas, nem tampouco garantia plena de sucesso. Mas elas estão ao seu alcance e independem das decisões tomadas em âmbito político.

 

Tom_Coelho