Aplicando 5S na vida pessoal

 

 por Tom Coelho

“Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,

a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustăo.
Doze meses dăo para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.

Aí entra o milagre da renovaçăo e tudo começa outra vez,

com outro número e outra vontade de acreditar,

que daqui para diante vai ser diferente.”

(Carlos Drummond de Andrade)

 

 

Agora que você já fez a famosa contagem regressiva, bebeu champanhe, cumprimentou amigos e familiares, fez ótimas refeições e dormiu bastante, bem-vindo de volta ao cotidiano.

 

Para algumas pessoas, não passou de um dia como outro qualquer, uma passeadinha a mais dos ponteiros nos relógios, exceção feita a uma mesa mais farta e ao final de semana prolongado.

 

Todavia, prefiro seguir Drummond, aproveitando a magia do momento para refletir sobre os últimos 12 meses, repensar sobre os objetivos e metas traçadas, e recomeçar a luta e a caminhada.

 

Em Administração, utilizamos um expediente importado lá do Oriente, mais precisamente do Japão pós-guerra, chamado de “5S”. Este nome provém de cinco palavras japonesas iniciadas pela letra “s”: Seiri, Seiton, Seisou, Seiketsu e Shitsuke.

 

Os cinco sensos constituem um sistema fundamental para harmonizar os subsistemas produtivo-pessoal-comportamental, constituindo-se na base para uma rotina diária eficiente.

 

Praticar os 5S significa:

 

  • Seiri (senso de utilização): separar as coisas necessárias das desnecessárias;
  • Seiton (senso de organização): ordenar e identificar as coisas, facilitando encontrá-las quando desejado;
  • Seisou (senso de zelo): criar e manter um ambiente físico agradável;
  • Seiketsu (senso de higiene): cuidar da saúde física, mental e emocional de forma preventiva;
  • Shitsuke (senso de disciplina): manter os resultados obtidos através da repetição e da prática.

 

A aplicação dos 5S em uma empresa, em especial do setor industrial, deve ser efetuada com critérios, inclusive com supervisão técnica dependendo do porte da companhia. Mas meu convite, neste instante, é para você praticar os 5S em sua vida pessoal.

 

Assim, que tal aproveitar estes primeiros dias do ano para fazer uma pequena revolução pessoal?

 

Aplique Seiri em sua casa e em seu escritório. Nos armários, nas gavetas, nas escrivaninhas. Tenha o senso de utilização presente em sua mente. Se lhe ocorrer a frase: “Acho que um dia vou precisar disto…”, descarte o objeto em questão, pois você não o utilizará. Pode ser uma roupa que ganhou de presente ou comprou por impulso e nunca a vestiu, por não lhe agradar o suficiente, mas que acalentará o frio de uma pessoa carente. Podem ser livros antigos, hoje hospedeiros do pó, que contribuirão com a educação de uma criança ou um jovem universitário. Seja seletivo. Elimine papéis que apenas ocupam espaço em seus arquivos, incluindo revistas e jornais que você acredita estar colecionando. Organize sua geladeira e sua despensa – você ficará impressionado com o número de itens com prazo de validade expirado.

 

Na próxima fase, passe ao Seiton. Separe itens por categorias, enumerando-os e etiquetando-os quando adequado. Agrupe suas roupas obedecendo a um critério pertinente a você, como por exemplo, dividir vestimentas para uso no lar, daquelas destinadas para trabalhar, de outras utilizadas para sair a lazer. Organize seus livros por gênero (romance, ficção, técnico etc.) e em ordem de relevância e interesse na leitura. Separe seus documentos pessoais e profissionais em pastas, uma para cada assunto (água, luz, telefone…).  Estes procedimentos lhe revelarão o que você tem e atuarão como “economizadores de tempo” quando da busca por um objeto ou informação.

 

Com o Seisou, você estará promovendo a harmonia em seu ambiente. Mais do que a limpeza, talvez seja o momento para efetuar pequenas mudanças de layout: alterar a posição de alguns móveis, colocar um xaxim na parede, melhorar a iluminação.

 

Agora, basta aplicar os últimos dois sensos já mencionados, o Seiketsu, que corresponde aos cuidados com seu corpo (sono reparador, alimentação balanceada e exercícios físicos), sua mente (equilíbrio entre trabalho, família e lazer) e seu espírito (cultive a fé) e o Shitsuke, tão simples quanto fundamental, e que significa controlar e manter as conquistas realizadas.

 

Faça isso e eu desafio você a ter pela frente 12 longos e prósperos meses!

Tom_Coelho

Resoluções de Ano-Novo

por Tom Coelho

 

 “Jamais haverá ano novo

se continuar a copiar os erros dos anos velhos.”

(Luis de Camões)

 

 

Lembro-me de, ainda muito jovem, acompanhar pela TV, no programa Fantástico, à divulgação do resultado da Loteria Esportiva. Naquele tempo, eram 13 jogos relacionados no volante, de modo que o sonho dourado dos apostadores era “fazer os 13 pontos”.

 

Léo Batista, ainda hoje na Rede Globo, informava o placar de cada partida e, ao final, anunciava o número previsto de ganhadores com base nos cálculos do matemático Oswald de Souza. Ele quase sempre acertava.

 

O mês de dezembro marca um ritual cada vez mais comum à maioria das pessoas: estabelecer metas para o ano vindouro. As resoluções de ano-novo vão desde retomar a prática esportiva ou um curso de aprimoramento pessoal, até iniciar uma dieta ou alimentação mais saudável, passando por mudar hábitos e comportamentos.

 

Na elaboração de seu planejamento, há aqueles que buscam respaldo nas opiniões de gurus e especialistas. Assim, vemos desfilar economistas com suas previsões para a taxa do câmbio, a cotação do barril do petróleo e a evolução do PIB; astrólogos e tarólogos apresentam suas expectativas com relação a conquistas esportivas, óbitos e casamentos de celebridades.

 

Oswald de Souza costumava acertar porque esta é a beleza da estatística: basta manipular os cálculos, mexendo no intervalo de confiança, para obter uma amplitude de valores que corroborem suas ideias.

 

Há tempos não vejo economistas acertarem suas previsões e os futurólogos de plantão eventualmente logram êxito, pois são tantas as especulações que acabam por atingir o alvo vez por outra.

 

Bom seria se as pessoas deixassem de dar ouvidos a estes agiotas de ideias e passassem a considerar suas próprias reflexões, lastreadas em seu contexto particular e experiência individual.

 

Melhor ainda seria substituir as resoluções natalinas por decisões diárias, constantes e consistentes, para construir continuamente um presente e um futuro melhor.

 

Este é meu desejo a você. Que possa mudar por si mesmo, mudar para melhor, e mudar hoje. Amanhã, pode não haver tempo ou espaço para um novo ano.

 

Tom_Coelho

 

Gestão empresarial em tempos de crise

Por Tom Coelho

“Gestão e sobrevivência andam lado a lado.”

(Joseph Carvalho)

 

Se o término das eleições definiu o cenário político para os próximos anos, o mesmo não se pode dizer com relação às perspectivas econômicas. Nossa atual conjuntura aponta para um crescimento próximo a zero neste ano e grande pessimismo para 2015. A inflação ultrapassou a meta definida, os gastos públicos bateram recorde, voltamos a ter déficit nas transações internacionais, a renda per capita encolheu e a indústria perde continuamente participação no PIB nacional.  Até mesmo o desemprego em queda é ilusório, haja vista que é mensurado com base na estatística de pessoas que estão em busca de emprego, índice este declinante em decorrência dos programas sociais. Prova disso é que os pedidos de seguro-desemprego estão em ascensão, podendo atingir nove milhões de pessoas neste ano, o que pode ser qualificado como, no mínimo, contraditório.

 

Economistas e cientistas políticos concordam que a correção da rota passa pelas reformas política, fiscal e tributária. O governo precisa elevar sua poupança, reduzir os gastos da máquina e ao mesmo tempo investir em infraestrutura; necessita aumentar a arrecadação, mas diminuir a carga tributária para estimular a produção e elevar a competitividade.

 

Enquanto estes impasses são discutidos, cabe aos empresários cuidarem de seus próprios negócios. Afinal, a macroeconomia tem impacto no longo prazo e a gestão microeconômica tem que ser feita aqui e agora. Seguem sete passos para reflexão:

 

1. Repensar o negócio. Analise seus produtos e/ou serviços considerando as demandas dos consumidores e as ações de sua concorrência. Você poderá concluir que é hora de reduzir seu portfólio, enfatizando os itens mais expressivos onde sua competitividade seja maior, ou ampliar a carteira, buscando atingir novos nichos de mercado.

 

2. Planejar. Elabore um plano estratégico para um horizonte mínimo de doze meses, tendo em vista três cenários possíveis: estagnação, com manutenção das vendas obtidas no decorrer deste ano; retração, com queda nos resultados; e evolução, com crescimento do faturamento. Prepare-se para agir diante de qualquer situação conjuntural.

 

3. Reduzir custos. Verifique todos os seus processos, de administrativos a operacionais, a fim de identificar meios para cortar custos sem evidentemente impactar a qualidade. Isso poderá conduzir à necessidade de investimentos em infraestrutura possibilitando elevar a efetividade, ou seja, fazer mais e melhor com menos recursos físicos e financeiros, envolvendo também menos tempo e pessoas.

 

4. Administrar as finanças. A falta de capital de giro é um dos maiores problemas corporativos, em especial das empresas de pequeno e médio porte. Por isso, é necessário ter austeridade na gestão do caixa. Isso significa cuidado na obtenção de crédito e vigília constante dos índices de endividamento, pois é impossível vencer os juros compostos. Atenção também com as vendas a prazo e com o sistema de cobrança dos inadimplentes.

 

5. Capacitar a equipe. O caminho para elevar a produtividade e, consequentemente, a competitividade, passa pelo investimento em sua equipe. Considerando-se o baixo nível de preparo com que os profissionais chegam ao mercado, decorrência direta da qualidade de nosso ensino, cabe a você instruir, treinar e desenvolver seus funcionários. Assegure-se de que estão alinhados à cultura de sua empresa, que conhecem seus produtos e/ou serviços, e que entregam aos clientes internos e externos um atendimento exemplar. Trabalhe para elevar o nível de engajamento dos mesmos, através de políticas de remuneração variável baseadas no êxito, programas de reconhecimento e valorização e construção de um clima organizacional próspero. E, como sempre digo, lembre-se: contrate devagar, mas demita rápido.

 

6. Vender mais. O coração de qualquer empresa está no departamento comercial, responsável pela origem das receitas. Para apoiá-lo, acione os mais diversos instrumentos de marketing, buscando mostrar-se ao mercado e difundir seus diferenciais. Você pode optar por campanhas para promover o desejo e o impulso do consumidor por seu produto e/ou serviço, ou ações mais institucionais capazes de potencializar a credibilidade e a reputação da marca. Escolha os meios e veículos adequados para divulgação e não desconsidere a força das mídias sociais.

 

7. Administrar impostos. Quanto mais competitivo for o seu mercado de atuação, impondo margens menores que exigem volumes crescentes para alcançar resultados satisfatórios, mais relevante será o cuidado com a carga tributária que impacta o seu negócio. Assim, consulte seu contador sobre a viabilidade em alterar seu regime de tributação do lucro real para o presumido ou aderir ao Simples. Considere também a possibilidade de desmembrar sua companhia em duas, ambas optantes pelo Simples, a fim de distribuir o faturamento e usufruir de alíquotas reduzidas. Consulte também outras formas de elisão fiscal (redução legal de tributos).

 

Todas estas ações básicas são essenciais para perseguir a sustentabilidade de seu negócio, embora não sejam as únicas, nem tampouco garantia plena de sucesso. Mas elas estão ao seu alcance e independem das decisões tomadas em âmbito político.

 

Tom_Coelho